Estou de passagem neste mundo,

Mas deixo aqui o registro de minhas palavras.

Eu sou o peregrino do tempo.


quinta-feira, 30 de abril de 2009



A importância das palavras
por Kizzy Ysatis



“Kizzy, sua matéria contém palavras muito difíceis para o leitor do nosso jornal”


Foi o que me disse a colega da classe do 3º ano de jornalismo. Ela disse que eu tinha de escrever de um jeito mais simples (em outras palavras: de um jeito mais pobre) para o povão entender.


Na terceira série do primário usávamos muito a palavra aloprado. “Professora, fulano está me aloprando” (ao digitar agora, nem meu processador de texto conhecia esta palavra). Palavra que caiu em desuso, no esquecimento. Mais uma que se perdeu. Muitos devem conhecê-la só do filme O professor aloprado. Aloprar é amalucar. E estou amalucado com a falta de cérebro no meio de formação acadêmica. Desgostoso com os colegas e com o sistema. E eu escolhi me formar jornalista pelo amor às palavras e pelo uso delas na profissão do jornalista.


Se queremos educar alguém para que avance e se supere, há de se impor certos desafios, pequenos, e elevá-los gradualmente. Por exemplo, se um objeto está um pouco alto, ou distante, em relação aquele que o deseja, este, por força da vontade, irá se deslocar para alcançá-lo. De modo que aprenderá onde e como consegui-lo. Se cada vez eu colocar o objeto mais próximo do requerente, este jamais o alcançará com as próprias pernas e estará condicionado a ser cada vez mais burro, fraco e incapaz.


O escritor-autor, aquele que é artesão e trabalha com a ferramenta da palavra, coleta cuidadosamente do cabedal do cérebro, a palavra mais adequada para engendrar sua criação, despreocupado com quem vai entendê-la. Aquele que não entendeu que se desloque atrás de seu significado. Desse modo o escritor-autor, mestre do Belo Ofício, ajuda mais a sociedade do que o escritor-operário, pois este empobrece a língua e fragiliza a nação. O povo, o rebanho, já é por demais estúpido, e o jornalista, cheio da ética, cheio de arrogância (porque arrogância é se gabar pelo que não é capaz) cheio da verdade, cheio de demagogia e hipocrisia, este jornalista é o grande responsável pela ignorância do povo.


O estudante de jornalismo é outro burro, porque é acadêmico e acadêmico tem a natureza do papagaio, de repetir o que outro disse. Não tem voz própria. Mesmo assim os jornalistas se exibem por mais que são capazes. Me tolhem a todo tempo, “Kizzy, você se acha”. Para mim essa é a visão do invejoso. Desculpe, eu me orgulho, é diferente. Notem como o tratamento era um quando não me apresentei como escritor e como se tornou outro, quando descobriram. Eu abro a boca e me tolhem num misto de complexo de inferioridade com outra coisa mais baixa: “Nós não temos o Rachel de Queiroz, mas estamos dois anos na sua frente”. Será? Eu entrei direto no 3º ano porque já tinha feito os dois anos em outra Universidade (uma grande e internacional Universidade, diga-se de passagem), eu não pulei dois anos. Não tem ninguém na frente de ninguém nesse sentido. Isso pode ser chamado de argumento racional?


Os acadêmicos são incapazes de criar e invejam a mente criadora. Eles só repetem o que outros falam lá atrás, são fantoches, são títeres. A colega de classe diz que o povo é burro, mas é ela que é. Tem um repertório paupérrimo, e por preguiça e inanição de intelecto, alega que ajuda o leigo usando aquele micro repertório de palavras. Sempre as mesmas palavras, numa repetição infeliz e de pouco significado e profundidade. A fealdade se sobrepõe a todas essas cosias e a massa, que já é disforme e feia, segue ainda mais feia e disforme. Como disse, os acadêmicos só sabem seguir as regras de outro burro de lá longe. “Tem de escrever de um jeito mais simples, pois quem escreve ‘difícil’ é o pseudo-intelectual que quer posar de inteligente”, essa é a nova regra. Regra? Isso sim é senso comum. Nova? Essa é a regra nos últimos vinte anos ou mais. Quem criou isso foi o burro que não entendeu o que estava sendo dito. Complexo de inferioridade. Essa regra do coloquial. Aff!... Afferson! A contradição se desenha no pensamento de que temos de ter um diferencial, mas querem que eu escreva igual a todo mundo?


“Kizzy, você escreve como um romântico”, disse meu mestre.

“Mas escrevo igualzinho a um romântico?”

“Não igualzinho porque você é desta época e tem outra visão”

“Então escrevo de um jeito novo, uma reinvenção do romantismo, é isso, um renascimento, um segundo renascimento”

“Não é pra tanto... mas, Kizzy, ninguém mais escreve assim”

“Mas você acha bom que eu escreva como todo mundo?”

“Hummm, tem razão. Escreva como você escreve, Kizzy Ysatis. Você é o único que escreve desse jeito. Só você escreve como você escreve, tem estilo próprio. Isso está em falta hoje em dia”

Aí vem a colega e me diz: “Você tem que escrever de um jeito mais simples pro o povão entender”. É assim se produz uma geração mais burra que a outra, colega. Você não sabia que quando uma nação é dominada, a dominadora, como primeira providência de conquista, exige que se fale a língua do império. É porque quando uma nação perde a língua, perde a identidade.


Já disse e não me canso de dizer, não é a língua que deve se curvar à nação ignorante, mas essa é quem deve fazer por merecê-la. Puxa vida, de quê adianta termos como língua a última flor do Lácio, a mais bela e rica língua, se somos falantes retardados, não usamos nem um décimo de tamanha riqueza? Se essa é nossa força, porque a substituímos pela de outrem, pouco a pouco.


Os romanos, povo inteligente e conquistador, obrigavam a ferro e fogo que se falasse o latim, que esquecessem a língua nativa, a língua-pátria. Hoje a coerção do novo império não é menos sutil, porque o meio de tortura atual é o bolso, por isso você é obrigado a falar o idioma inglês, mesmo achando o francês mais bonito e o português mais rico e o italiano mais amoroso e espanhol mais cálido. O inglês é uma língua sonora e bela também, mas não gosto que me obriguem a nada.

O acadêmico escreve como escrevesse uma bula de remédio, e receia escrever com paixão, aquele abismo que teme e rejeita com frieza para se saber mais inteligente. Balela! Poor papa, poor papa.


Quando estive num seminário internacional de literatura, Marina Colasanti, escritora premiada e jornalista italo-brasileira, que era uma das conferencistas na ocasião, nos disse que em seus livros infantis lança aqui e ali palavras mais ricas porque não subestima as crianças.

Acredito que nem todo leitor seja burro. Pelo menos não o meu leitor. Não subestimo as crianças nem ninguém, pois mesmo aquele que não sabe, quando curioso e audaz, vai à busca da verdade e aprende. Não se conforma com a própria estupidez.
Este é o meu leitor. Este é o leitor que procuro; o leitor que respeite meu retrato literário. E é para ele, em grande tela, que deixo pintada a arte imortal e bela, e, ao mesmo tempo, um país melhor.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Um conto
Dor no estomago
[ATUALIZADO]
Inspirado na anedota da cobra e do pescador, e baseado em uma história real (a minha).

Por Kizzy Ysatis

Dor no estomago!

Papai me disse, Vá ao médico e vê o que há.

O médico disse, É o estomago.

Disso eu sei, é lá que dói. Oras, eu lhe pago pra me dizer o que já sei?

Acalme-se. Sua cólera é natural. A dor o irrita.

Cólera? Não disse que era o estomago?

Não, estou falando da raiva.

Raiva? Raiva como? Se nenhum cachorro me mordeu. O senhor está me enrolando. Diga logo o que tenho.

Dor no estomago.

Mas disso eu já sei! Não quero saber de enrolação, doutor. Papai me diz que língua não constrói. Qual é a solução?

Você tem bebido muito; e fuma também. Vai ter de maneirar, senão piora.

É só isso, doutor?

Só. Ta feliz?

Ah,... Tô, né? Até mais ver, doutor. Muito obrigado.

Papai me disse, Ei, aonde vai, filho?

Vou sair com a turma, o senhor sabe.

Tá, mas quero saber do quê falou o médico. Foi ao médico, não foi?

Fui.

E então, o que ele disse.

Disse que é sem jeito. Vou morrer do estomago.

São Paulo, 21 de abril de 2009

domingo, 19 de abril de 2009


A TRÍADE



que segredo une o anjo, o templário e o vampiro?



Carlos Andrade · Claudio Brites · Octavio Cariello · Kizzy Ysatis



leia abaixo um trecho do livro


(clique no texto para ampliar o trecho de A Tríade)


(clique no texto para ampliar)
clique no texto para ampliar

clique no texto para ampliar
A tríade - que segredo une o anjo, o templário e o vampiro?

sexta-feira, 17 de abril de 2009

little dream

"Once more, male force profaned the female one without permission. Rightless. Violeted. And when a man rapes a woman, he rapes all the women of the world."
("The Red Sybil's Diary", by Kizzy Ysatis)


"Ah, Balzaquian - I laughed of myself - Your friends are not useful for consumption, just for consolation. Have you ever thought about it, 30 years old, yet gourgeous, to have a beautiful body, and nobody to touch it? Now that I don't have no one, I made myself companion. Do you want anything better than it? If I want friends, I listen to my books. There's better adviser than books? (...) If I want to listen, I listen to music; if I want to kiss, I press my lips on the glass of a cup of wine; if I want to be touched, I touch myself; if I want to pet, I pet my cat, he has smooth fur. And thus, you learn to live alone."
("The Red Sybil's Diary", by Kizzy Ysatis)

traduzido para o inglês por Celtic Botan



quarta-feira, 15 de abril de 2009


twitter é:


"Estou entrando no ônibus"


"Estou entrando no banheiro, indo fazer o número 2"


"Estou no supermercado"


blá blá blá.


Não quero saber nem o que o saramago está fazendo.

quero é ler um livro dele.

o resto é modinha da Era

"todo mundo quer ser notícia"

dessa eu passo.


Não precisamos fazer tudo do agora para não sermos obsoletos.

terça-feira, 7 de abril de 2009

13 de agosto é
O DIA DOS VAMPIROS!

TERRITÓRIO V – Vampiros em Guerra!



PORQUE ALCATÉIAS SÃO PARA OS LOBOS


20 histórias de vampiros selecionadas por Kizzy Ysatis


com prefácio de Giulia Moon e arte de capa de Octavio Cariello


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Território V conta com textos de


Flávia Muniz
Giulia Moon
Raphael Draccon
Octavio Cariello
Luis Eduardo Matta
Cid Vale Ferreira
Camilo Vannuchi
Marcelo Maluf
Claudio Brites
Juliano Sasseron
Isaac de Moraes Neto
Isabella Lemgruber
Douglas MCT
Sidemar V. de Castro
Israel Fernandes Teles
(entre outros)


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Lançamento Nacional: 13 de agosto


(Dia do Vampiro)


quinta-feira, das 18h30 às 21h30


Livraria Martins Fontes Paulista


Av. Paulista, nº 509 - São Paulo - SP


(próximo à Estação Brigadeiro do Metrô)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

PARA QUEM AMA E QUER APRENDER ESCREVER, APRENDA COM OS MELHORES!



As inscrições para o curso de Prática de Criação Literária estarão abertas até o dia 16 de abril. Os módulos serão coordenados pelos seguintes professores:


Prática de criação de blogues Edson Cruz


Prática de criação de peça teatral Fernando Marques


Prática de criação de crônicas Luís Marra


Prática de criação de contos Marcelino Freire


Prática de criação de obras infanto-juvenis Marcelo Maluf


Prática de criação de roteiros Marne Lucio Guedes


Prática de criação de novelas e romances Nelson de Oliveira


Prática de criação de poemas Paulo Ferraz


Para maiores informações clique AQUI