Estou de passagem neste mundo,

Mas deixo aqui o registro de minhas palavras.

Eu sou o peregrino do tempo.


terça-feira, 22 de março de 2011


O Conde de Monte Mor

por Kizzy Ysatis

O singular encontro entre um imortal e um misterioso flâneur nas ruas de Paris, traz para o leitor a fascinante experiência de vagar pela cidade da luz na companhia de seres das trevas.

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Esta é a sinopse do conto Flânerie que escrevi para a coletânea O Livro Vermelho dos Vampiros vol. II organizada por Luiz Roberto Guedes.

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Leia um trecho do conto:

Já falei sobre os edifícios antigos de Paris. No entanto permita-me acrescentar que nessas construções existem pátios internos para a entrada de luz e ventilação, e entre eles, veem-se as mais diversas e, por vezes, sinuosas passagens para circulação, apenas de pedestres, com saídas no meio do quarteirão. A maioria delas existe desde a Idade Média e são verdadeiros labirintos a se intrincar pelos quarteirões da cidade da luz. Quem as conhece bem, tem a vantagem de andar mais depressa na capital. Some-se aqui, aparece-se acolá. Eu adoro isso.

Algumas dessas passagens são evidenciadas por arcos vistosos, outras são tão diminutas e escondidas que é fácil confundi-las com uma entrada qualquer para uma loja ou apartamento. Algumas são mais iluminadas, outras mais obscuras, porém todas misteriosas. Eu amo essas passagens, e conheço cada uma delas. Pode parecer perigoso, mas é pra isso que hoje existem câmeras vigilantes. Humph!

Havia alguns meses, eu migrei para o 1º piso de uma casa ao sul do Sena, no Quartier Latin.

Às vezes gosto de imaginar que a curiosidade adveio da minha mãe portuguesa, que se casou com um marinheiro bretão no Rio, e que dele acabei puxando minha fleuma. E com esta fleuma eu vagava pelo Jardin du Luxembourg quando resolvi soltar meu peso sobre uma das oportunas e singelas cadeirinhas desordenadas entre as árvores de tronco negro e galhos ressequidos. Ali montei guarda no esquecimento, tendo, em boa distância, pouca gente e as estátuas que discutiam em silêncio acerca de sua eterna imobilidade. Até que me cansei delas e coloquei meus fones de ouvido. Gosto da música natural da cidade, mas mudo de estação quando não quero interiorizar coisa alguma.

Ouvia The Cranberries quando me vi observado. Senti uma presença se aproximar rápida e silenciosamente como um gato. Nem as folhas secas o entregavam. Ele se sentou atrás de mim. Antes de me virar, eu já sabia o que ele era.

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O Livro Vermelho dos Vampiros vol. II está em produção e ainda não tem data de lançamento. Vamos aguardar. Assim que tiver novidades, eu posto.
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Sobre o Leão Negro, tudo o que posso dizer é que estava adiantando suas linhas finais quando fiquei muito triste com as coisas que escrevi. Não acreditei que a história terminaria daquele jeito. Eu mesmo cheguei a chorar. Portanto resolvi deixá-lo descansando um pouco para engrossar o cozido e saber se tenho mesmo certeza desse fim imaginado numa noite de delírio. Nesse ínterim retomarei um projeto antigo que tenho com a autora Flávia Muniz que está literalmente de casa nova. Clique aqui e visite sua Casa na Floresta.