Estou de passagem neste mundo,

Mas deixo aqui o registro de minhas palavras.

Eu sou o peregrino do tempo.


sábado, 9 de novembro de 2013

A beleza que nos cerca

Olhe bem para os meus olhos. Eu vi as estrelas. Por um poço aberto sobre a minha casa, entre as nuvens que fechavam o céu, elas cintilavam. É raro semelhante esplendor na cidade grande. Mas é natural que brilhem mais antes da alvorada, quando a noite é mais escura. Na hora mais escura, as estrelas se mostram mais brilhantes. E também haviam alguns vapores arroxeados que lembraram uma nebulosa distante. O buraco no céu me transportou pelas galáxias. Agradeci ao universo por tamanho espetáculo. A beleza nos cerca o tempo todo, e há quem só olhe a tristeza. Mas na hora não pensei nisso, centrei-me apenas no milagre que o céu me regalava e me senti cheio dessa luz. Enriqueci meu coração e brilhei como as estrelas. Nesse momento me perguntei quantas pessoas no mundo naquela mesma hora estariam contemplando as estrelas, quantos narcisos se espelhavam no lago cósmico, esperando a estrela gêmea lhe devolver o olhar. Creio que a maioria pensa diferente. Cansei de ouvir: “Oh, é nestas horas, diante desta grandeza, que percebemos o quanto somos pequenos”. Eu não penso assim. Pelo contrário. De nada vale o poder das estrelas de lançar sua imagem através do espaço se não há olhos que as vejam. São meus olhos os donos da força capaz de captar a luz das estrelas. Então nós nos completamos. Sem meus olhos elas jamais seriam vistas como eu as vejo. E as vejo com o coração. É minha alma que as sente e as transforma em maravilhas. As estrelas só cintilam quando nos estão olhando, e brilhamos quando retribuímos o olhar.

(Kizzy Ysatis, São Paulo, 8 de novembro de 2013)