Estou de passagem neste mundo,

Mas deixo aqui o registro de minhas palavras.

Eu sou o peregrino do tempo.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Aqueles que habitam o Paralelo Noturno

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XI - Lobisomens; unam-se para a batalha!

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As motocicletas, nada convencionais, alinhadas na frente do bar descrevem seus visitantes. Homens de colete preto ostentam orgulhosamente os símbolos de seus respectivos moto clubes.

A espelunca fedia a couro, suor e cerveja. O volume altíssimo gritava “Born to be wild” pela centésima vez nas caixas de som sem que isso incomodasse seus frequentadores; muito pelo contrário, para os motociclistas esta música é um hino venerado.

O velho Pimentel, presidente do Fúria, abria mais uma garrafa; um membro dos Abutres saia e um do Zapata chegava.

Na mesa imediatamente vizinha da caixa de som, três membros do Leão Negro moto clube conversavam sem que o barulho lhes ofendesse a audição; na verdade era um aliado que abafava o conteúdo da conversa:

— Daniel, tô feliz pra caramba em ver que você está bem — disse Juliano.

— Eu também — acrescentou Leonardo.

— Obrigado. Eu também estou feliz em rever vocês dois.

Daniel fora sincero, muito embora a melancolia na voz e na expressão fosse indisfarçável; lembrava aqueles que não tiveram a mesma sorte.

Leonardo prosseguiu o bate-papo:

— Que chato o que aconteceu com o Billy.

Parecendo ofendido, Daniel soou orgulhoso:

— Ele caiu lutando.

Sem falar nada, bateram os copos em respeito.

— Não consegui salvá-lo.

— Para com isso, Daniel. Você salvou Ernesto.

— Ajudei, mas os vampiros estavam em maior número.

— Quantos?

— Dois pra cada.

Leonardo estava curioso:

— Eram de primeira ou segunda classe?

— Segunda.

Sem intenção, Juliano pareceu debochar:

— Não são muitos.

Daniel matou o que tinha no copo e se serviu de mais enquanto achava as palavras certas:

— Nos pegaram de surpresa.

Leonardo se indignou:

— Covardes!

— Eu não teria conseguido dar conta sem o Barbosa.

— Não fala isso, Dani. Você é um dos fortões.

— Mas é a mais pura verdade; o Bar salvou minha bunda.

— Ah, o Bar é foda! Ele e aquela machadinha cheroqui.

Daniel concordou:

— Verdade. Ele nunca erra. Mesmo assim estávamos cercados. Nossa sorte foi o Roberto ter chegado.

— Vixe! Coitado dos vampirinhos.

— O Roberto é sem-noção.

Daniel finalmente sorriu:

— Há! Vocês precisavam ter visto, ele expulsou eles no berro. Chegou tocando o foda-se. Até eu me assusto com o berro dele.

— Fala sério, qualquer um. Até o Luar se assusta com o berro dele.

— Pode crer, lembra lá no Araçá? Quando o Roberto uivou, Luar não pensou duas vezes, pegou o moleque dele e saiu voando pelas campas.

Gargalhando, os três brindaram de novo, agora para o Roberto. Aproveitando o ensejo, Leo perguntou:

— Então, quando será a festa?

— Talvez neste fim de semana.

— Quantos de nós vão vir?

— Todos.

— Caramba, a coisa tá ficando mais séria que eu pensava, não nos reunimos assim desde 2003, naquele lance em Santa Catarina, no quintal das sibilas, lembra?.

— Isso mesmo. Fausto falou que essa pode ser nossa última briga com os caras do Montserrat. Juntos teremos mais chances.

— Se é que temos.

— Só saberemos quando chegarmos à mansão, mas aposto meu canino que o chefe tem um plano.

Juliano quase gaguejou:

— Quantos membros já perdemos... no total?

— Quase vinte.

— Caraca! Que baixa feia.

— O pior é que fomos pegos aos poucos, sozinhos, sorrateiramente.

— De predadores passamos a presa.

— Fausto disse que veremos a iniciação de um novo membro.

— Como se chama?

— Fernando.

— É dos fortes?

— Não faço idéia.

Leonardo e Juliano ficaram ansiosos:

— Então vamos descobrir. Vamos pra mansão.

— O pessoal já chegou? — Leo perguntou preocupado.

Daniel tranquilizou:

— Estão vindo. Nos encontraremos lá.

Juliano tinha pressa agora:

— Bora daqui?

— Vão na frente, vou esperar o grandão.

— Legal! O Roberto tá vindo sozinho!

— Ele sempre vem. Aquele porra não conhece o medo. Embora Fausto tenha mandado a gente andar em grupos; e de preferência acompanhados de um dos fortes.

Leonardo confirmou:

— Tô sabendo, o Andréas tá seguindo a gente.

E Juliano deu detalhes:

— Farejamos ele, mas sabe como é, o Andréas não se mistura com os “moleques”.

— Ok. A gente se vê no clube. Mas cuidado. Se farejarem perigo, uivem alto.

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[Continua na terça]
LEÃO NEGRO
A busca pelo vampiro Luar
Um romance de KIZZY YSATIS

7 comentários:

Pâmela Baena disse...

Oi??? Tudo bem?
Adorei a trilha sonora, Steppenwolf na veia!!!
Mas tenho uma pergunta... O que seria "caraça"???

Kizzy Ysatis disse...

hahaha Oi Pâmela.
Caraça significa escritor burro que queria ter escrito Caraca, rs. Mas já consertei, valeu.

Strega disse...

Incrível! Até eu fiquei com medo! Amo estes lobos!!! Porém ainda torço pelo Montserrat!

Fiquei louca para saber o que ouve lá entre o Montserrat e o Fausto, queria ler com detalhes o que aconteceu!!! *--*

Mas talvez o suspense seja melhor....
rsrsrs

Claudio Brites disse...

Roberto bota pra fudê!

Bathory Uziel disse...

Simplesmente...amei!!! Agora só falta vc me seguir no meu blog né Sr Kizzy rsrs... beijos

Anônimo disse...

Isso foi baseado em algum fato real? rsrsrsrs

Unknown disse...

Show de bola kd o resto?