Estou de passagem neste mundo,

Mas deixo aqui o registro de minhas palavras.

Eu sou o peregrino do tempo.


segunda-feira, 10 de março de 2008

o vampiro Luar - arte de Lese Pierre
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VAMPIRO LUAR
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"Páscoa de 1952"
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Ai de mim. Com aquela aparência ele emanava uma atmosfera que conheci somente nas páginas de Walpole e Mary Shelley; era saído de lá ou pertencente àquilo. Representava, também, algo mais que eu não conseguia predizer. Luar vinha como o precursor de uma ideologia além de minha época que insurgiria numa sociedade vindoura do qual minha visão de Sibila não pudesse distinguir ainda, muito embora vislumbrasse nele toda essa conduta estética e filosófica. Parecia que aquele tipo de vestimenta, estranha e negra, dizer-se-ia obscura, refletia a audácia de sua personalidade com exatidão. Vestia-se de seu espírito e fazia dele quem ele era: uma criatura sombria, um segregado, um ser pertencente ao Paralelo Noturno; e via-se que estava bem à vontade na roupa teatral como nunca estivera em outros trajes. Pergunto-me: chegaria o tempo, na nossa cultura, em que seres humanos pudessem se vestir assim no seu dia-a-dia, expressando toda a sua natureza noturna inclinada para a beleza do mórbido; da arte que se reconhece também na tristeza das formas, como é na poesia e nas esculturas de suntuosos cemitérios ou mesmo naquela antiga e medonha arquitetura gótica? Não saberia predizer. Como se nomearia tal estilo?
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trecho extraído de DIÁRIO DA SIBILA RUBRA - O Retorno das Bruxas

11 comentários:

Anônimo disse...

Não sei. Só sei que usar sobretudo preto no sol de trinta e cinco graus deste país tropical é meio que suicídio. Mas suicídio é um bom assunto para os notúrnicos!!!

Kizzy Ysatis disse...

Oi Gui

Estou morando em Santos, minha terra natal e aqui realmente é sol de 30 graus, mas não saio de sobretudo por aí num calor desses e, hoje em dia conheço poucos que fazem, a não ser no dia do lançamento do livro negro, eu vi muita gente de sobretudo ali... , aliás, aqui na praia só dá pra vestir bermuda, regata e havaianas... Mas o que tem isso a ver com o texto publicado??? absolutamente nada.

Não fala de sol, nem de sobretudo, nem de verão, nem de suicídio. Seu comentário pareceu meio nada a ver. É o que acontece quando publicamos nossos pensamentos, estamos expostos a todos tipos de comentários, a coisa sai de controle. normal...

Anônimo disse...

Foi uma piada. Alguns riem, outros não.

Anônimo disse...

E não foi uma crítica, decerto. Foi uma singela brincadeira. De mal gosto? Por sua resposta, creio que assim imagina. Desculpe por ela, de qualquer forma.

Anônimo disse...

PS. Godofredo é o alter-ego.

ebbios disse...

Muito belo o texto, está poético e, imaginando pelo que me disse da história, foi interessante ter brincado dessa forma com o passado.

Abraços.

P.s Dê uma passada em meu blog, se o tempo permitir. Exponho alguns textos lá.

Kizzy Ysatis disse...

Gui
não se preocupe demais, está tudo bem, já passou.

Ebbios

já estou indo ver seu blog. viu que bela a ilustração que teu irmão fez?

abraço aos dois

Anônimo disse...

Kizzy,

Que bom que tudo se esclareceu. Depois de ter conhecido você no lançamento do LNV, não gostaria de deixar eventuais maus-entendidos.
Hoje comprei seu primeiro livro via internet. Em breve o receberei.

Abraço.

ebbios disse...

Olá Sr. Pássaro Negro!

Agradeço pelo dito.

Ficarei realmente encantado em ser um dos primeiros a passar os olhos por tais textos.

O Luar está de encher os olhos nessa ilustração. Mui andrógino ele -- a beleza consiste, ao meu ver, na delicadeza dos traços femininos -- mas, ainda assim, eu só agarraria mesmo a Patrícia. rs

Abraços.

Anônimo disse...

"O que eu queria era tão certo, tão perto dos meus pesadelos... um anjo negro acorrentado, entregue ao próprio desespero..."

Por que será que sempre que ouço esta música do Uns & Outros lembro de vc?! A imagem é LINDA! Adorei!

Darkisses,
Lu

KNascimento disse...

Kizzy,

A pouco tempo conheci Luar através de sua narrativa poética. Fiquei embebecida pelo seu estilo. Nunca pensei que um escritor nacional pudesse fazer uma narrativa tão envolvente e com bom português sobre o mito do vampiro. Agora, aguardo ansiosa pelo seu novo livro. Enquanto não chega, vou me deliciando com Alvares de Azevedo e seus textos.