Estou de passagem neste mundo,

Mas deixo aqui o registro de minhas palavras.

Eu sou o peregrino do tempo.


sábado, 9 de agosto de 2008


Prezada Jack
(este post é uma alongada resposta à leitora Jack que comentou abaixo no post do dia 04 de agosto sobre Lygia Fagundes Telles)

Um amigo me disse que se não nos divertimos escrevendo, não escrevemos bem. Eu me diverti demais escrevendo o Clube.

Consegue imaginar um rapaz de sobretudo com uma caderneta, um lápis e um mapa na mão, caminhando pelo bairro da Liberdade de madrugada?

Acho que é fácil visualizar. O rapaz era eu, o mapa era a da São Paulo antiga e eu ali investigava o lugar exato onde teria ficado a Chácara dos Ingleses, local em que Álvares de Azevedo morou há mais de 150 anos.

Para mim foi uma noite emocionante como outras que tive nessas mesmas madrugadas, em tantos outros lugares para compor com realismo o cenário e o mote do Clube dos Imortais. Essas e outras coisas fizeram do Clube, um evento especial em minha vida.

Quando passeava, não era raro me sentir solitário; e empolgado com um novo achado, faltava-me um Dr. Watson com quem pudesse debater meus achados e teorias. Faltava-me com quem dividir as belezas noturnas que desfilavam no meu caminho.

Não sabia, mas meus leitores estavam ali comigo porque dividiriam a paisagem que meus olhos depois desenhariam com letras no papel quieto. Silenciosos no começo, hoje, vocês leitores e leitoras falam para mim desses lugares e das personagens que pululavam na imaginação desde homem vagabundo que aqui escreve. Assim é emocionante saber que não estava sozinho.

Sobre a dona Lygia, acho que recebi um chamado telepático. Aqui e ali ela aparecia na minha frente e sussurrava meu nome. Nosso encontro foi conseqüência dessa sucessão do acaso. Eu postei a foto dia 4 e dia 6 eu vi nas bancas ela na capa da Veja São Paulo (revista anexa que vêm grátis na Veja). Ela mal sabe quem sou, mal nos conhecemos. Mas nossas curtas conversas me iluminam porque, no âmbito das casualidades, suas palavras se casavam perfeitamente como exata resposta às dúvidas que me assombravam nos dias que antecedem aos raros encontros. Como um guru ela diz e cabe a mim encontrar o significado de suas palavras. É por isso que ela é tão importante para mim, à parte, claro, de sua iluminada literatura. A literatura daquela que é considerada (conforme lemos reafirmado essa semana na Veja) a maior escritora brasileira viva.

Parabéns a Carlos Graieb pela sensível matéria sobre a dona Lygia; e a Daniel Nunes, a quem tive a honra de conhecer ali na Academia, pela igual eloqüência das palavras com as quais nos aproxima da tão misteriosa e trancada sala dos imortais paulistanos. Reforçando as palavras do Dr. Renato Nalini sobre as intenções de vários integrantes de descerrar suas portas, ao menos, aos escritores da nova geração e entusiastas da literatura que, como esses nobres senhores, pretendem resguardar a memória e a integridade da nossa literatura.

Agradeço de coração a todos vocês especiais leitoras e leitores que me escrevem e divulgam meu trabalho.

Carinhosamente,
Kizzy Ysatis

2 comentários:

ανήρ φιλόσοφο disse...

Você não está só Kizzy; não são os sons e as palavras as pontes e os arco-íris ilusórios para todas as coisas?
Eles não são tão ilusórios se o tesouro no fim deles é o coração das pessoas!
Belo tesouro dos Nibelungos e crepúsculo dos deuses!
Quando vissemos arco-íris nas chuvas solitárias e cinzas, deveriamos ao invés de "Sing in the rain" cantar:
"É melhor ser feliz do que ser triste... da bossa nova"
Ah, mas é só um reflexo d´agua, e que ainda assim não se o vê à noite! diriam-nos:
Sim, não é lindo? responderíamos.

Kizzy Ysatis disse...

Solone

Suas palavras me enternecem, sempre advindas do coração, calga no belo e sublima as cores da poesia.

Abraços e uma reverência