Estou de passagem neste mundo,

Mas deixo aqui o registro de minhas palavras.

Eu sou o peregrino do tempo.


domingo, 18 de janeiro de 2009



Um pequeno trecho de CLUBE DOS IMORTAIS - A Nova Quimera dos Vampiros

– O quê que é isso, noite do Oscar? – murmurou Miguel, boquiaberto.

Eis que um homem esguio e altíssimo esgueirou-se por de trás de Marta e Selma qual sombra taciturna, atraindo-lhes a atenção com suave e agradável perfume. Trajava o mais glorioso sobretudo que já haviam visto. Se é que aquilo poderia ser chamado de sobretudo. Estava mais para uma versão dark da rainha Elizabete. Um exagero de gola de pele, recortes caprichosos e fartos detalhes com inúmeros botões prateados e trabalhados. Um traje medonho. Parecia haver muito veludo preto empregado nele e diria que aberto formariam asas espetaculares. Muitos se levantaram para vê-lo passar de cabeça erguida, fumando longa e luxuosa piteira sustentada entre seus dedos do meio com inegável charme.

– É ele! Só pode ser ele – balbuciou Claudio igualmente pasmo. – É como Luciano falou que se parecia. E do jeito que Zed falou que se mexia.

Passou direto e ninguém pôde ver seu rosto ao certo, notaram apenas que era muito branco. Provavelmente uma maquiagem de alto padrão. O rosto estava semi-oculto por grandes e vistosos óculos em dégradé marrom. No entanto, seu cabelo fora o detalhe mais admirado. Muito comprido e negro; dotado de cachos que de tão perfeitos só podiam ser artificiais. Ele seguiu em direção às escadas. Geralmente, os góticos costumam ser discretos, ainda que algo lhes chamem muito as atenções, não costumam demonstrar. A exceção ficou clara quando certo número de pessoas se aglomerou nas janelas para tentar ver quem era a exuberantemente figura que, tão divinamente, descia as escadas externas. Esse pequeno tumulto estava longe de ser o último daquela noite. Destacava-se entre o comentário geral, a voz de uma gótica entorpecida que dizia à namorada:

– É ele, Carmilla, é ele. Ele voltou.

–Tenho certeza que vai escolher alguém pra levar com ele pras suas raves secretas. Ninguém vai botar fé em mim de novo quando eu contar. Vamos lá, Mary. Acho que ele foi pra pista.

E como muitos outros, Miguel, Marta, Selma e Cláudio, desceram ao inferno.

Poderosas caixas de som reverberavam um som perfeitamente equalizado. Um teto mais baixo e opressor. Paredes completamente pretas ajudavam a absorver a já pouca luz e os convidados para um infinito de possibilidades. Esta era a pista de dança do Madame Satã: um escuro porão sustentado por arcadas de tijolos e grossas pilastras, cuja atmosfera era, ao mesmo tempo, pesada e libertadora.

5 comentários:

Anônimo disse...

Oii Kizzy!

O Luar sempre tão elegante...
Esse trecho é um dos que dá mais vontade de conhecer o Madame Satã, pena ter fechado...
Será que um dia reabre?

Eu adorei o novo visual do blog, o seu nome ficou lindo.

Abraço.
Nathalia.

Anônimo disse...

Ola Kizzy!
É tão bom poder ler novamente essa maravilhosa historia e concordo com a Nathalia, dá mesmo vontade de conhecer o Madame Satã.
O novo visual ficou muito lindo, principalmente as fotos.

Abraço.
Babi

Anônimo disse...

Huuummm... aquelas paredes negras guardavam histórias!!! Talvez ainda estejam lá, sussurrando segredos para as frias lajes vazias. Que pena!


Darkisses!

Kizzy Ysatis disse...

Meninas

Quando escrevi, não imaginei que o Madame Satã, qual foi conhecido, fecharia suas portas tão cedo. Mas ainda faz projetos no Hotel Cambridge vez ou outra. É a mesma equipe, em parte, mas não é a mesma atmosfera. Aquele Madame de outrora, agora, só nas páginas do Clube.

bjs

Anônimo disse...

Dear Kizzy,

A Sibila está na SciFi News de janeiro, já viu?! Vou digitalizar a imagem e enviar pro teu email!!!


Darkisses.