Estou de passagem neste mundo,

Mas deixo aqui o registro de minhas palavras.

Eu sou o peregrino do tempo.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010


Desenho a lápis: Kizzy Ysatis. Arte-final a nanquim: Claudio Mor

O DÉCIMO TERCEIRO COMENTÁRIO

Gui,

Obrigado pela visita. Estava sumido por aqui. Venha sempre.

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Jhaniny,


Recebi seu simpático e-mail. O responderei com calma. E reitero: vocês são sim meu combustível maior.

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Olá, Noite em claro.


Obrigado por ler meus livros. Maravilha que goste. Leia a Tríade sim, sei que gostará como gostou dos outros.


Você perguntou sobre minha intenção ao repetir algumas vezes o nome Fernando, a resposta é simples: sonoridade. Mas isso não explica nada. Como você é meu leitor, merece uma atenção mais cuidadosa.


No senso comum da literatura, a repetição é associada a um erro, uma ranhura na tela do artista, quando não pensada. Não é o caso aqui. O artista é feito de intuição e técnica. A repetição do nome Fernando surgiu à toa, gostei da idéia, limpei o excesso e o usei como recurso. Não repete tanto a ponto de enfadar, está na dose certa. Às vezes se usa quando não se quer usar pronome. É um recurso que possui um sem-número de causas e efeitos, também comum em histórias infantis e poesia.


O bom prosador gosta de poesia e o bom poeta é prosador. Tenho esse pé na poesia. Fora o prólogo, este texto é a abertura oficial do meu novo romance. Releia a primeira frase dos outros, tenho muito cuidado com elas, assim como presto muita atenção na primeira frase dos livros que leio; e sei que vou gostar ou não do livro ao ler a primeira frase.


Eu penso muito no primeiro parágrafo. Precisa haver magia aí para encantar o leitor. Minha intenção é múltipla inumerável, poderia chamar o recurso de fono-estilística, pois cria certa musicalidade. Um teórico poderia nomear de paralelismo, progressão temática etc, mas aí analisaríamos de modo frio como quem faz uma autópsia. Ao dissecar meu texto, eu mesmo, o mataria. Deixo isso aos acadêmicos. Eu faço arte, eles teorizam, criam nomes para dizer que sabem mais e suprir a falta de sensibilidade e talento. A expressão artística produz efeitos na alma do leitor, é por essa rota que eu caminho. Aprende-se com observação e prática, sem análise ou comparação ou medição. A arte não se pode definir. A arte é imponderável. Imensurável. Acaso se é possível medir o tamanho da saudade? Do amor?


Jhaniny me disse que Fernando foi uma boa escolha, mas a escolha veio sozinha. Não fiz uma seleção. Ele saiu como se já existisse, como se não houvesse outro. Quiça uma egrégora me fez gritar Pessoa, e assim Fernando me foi soprado. A personagem é nova. Tive, sim, mil intenções das mais variadas. Dizê-las, só estragaria a história. Em última analise, é evidente que a repetição tem um efeito na memória, para que se lembre daquilo que foi repetido, e se eu repeti o nome dele, e comecei por ele, é porque Fernando terá um papel especial a ser cumprido, por isso, fique de olho no rapaz.


Finalizando, neste caso, foi uma repetição pensada. Mas posso E VOU cometer erros. Estou escrevendo, lendo e postando. É a primeira versão do livro, da qual estou repartindo esse processo de criação com meus leitores que tanto amo. Depois de terminado o primeiro copião, ele passará por um processo de lapidação e por último uma revisão profissional e ainda assim, erros poderão escapar aos nossos olhos e sair na edição impressa. É natural.


Peço aqui que continue lendo e, todos que tiverem dúvidas, perguntem. Se acharem que é erro, apontem. A idéia é essa. Eu quero escrever esse livro com o acompanhamento dos leitores, eles acompanharam o vampiro Luar até aqui, têm direito a esse privilégio. Assim como eu, que ganhei o privilégio de ter quem leia e goste do que escrevo.


As palavras são sementes assim sopradas ao acaso no ouvido do artista. Nascem na alma e morrem na boca; mas, se forem escritas, serão árvores eternas no coração do mundo. São as cores moldadas com o apuro e técnica pelo autor que canta, com as palavras, o fazer do Belo Ofício.


Obrigado e continue por aqui

3 comentários:

Rose... disse...

"As palavras são sementes assim sopradas ao acaso no ouvido do artista. Nascem na alma e morrem na boca; mas, se forem escritas, serão árvores eternas no coração do mundo. São as cores moldadas com o apuro e técnica pelo autor que canta, com as palavras, o fazer do Belo Ofício."

Adorei...lindo, verdadeiro e poético...

Um beijo soprado no sereno...

Jhaniiny disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jhaniiny disse...

Ah,Kizzy nunca imaginei entrar em seu blog e ver o meu nome escrito nele.Admito que tomei um grande susto e fiquei em uma alegria ginante. Você é realmente uma pessoa especial. *-----------*

Mas pode ter certeza que se somos seu maior combustível você é nosso maior estimulante a cultura e a felicidade! :D