Olhe
bem para os meus olhos. Eu vi as estrelas. Por um poço aberto sobre a
minha casa, entre as nuvens que fechavam o céu, elas cintilavam. É raro
semelhante esplendor na cidade grande. Mas é natural que brilhem mais
antes da alvorada, quando a noite é mais escura. Na hora mais escura, as
estrelas se mostram mais brilhantes. E também haviam alguns vapores
arroxeados que lembraram uma nebulosa distante.
O buraco no céu me transportou pelas galáxias. Agradeci ao universo por
tamanho espetáculo. A beleza nos cerca o tempo todo, e há quem só olhe a
tristeza. Mas na hora não pensei nisso, centrei-me apenas no milagre
que o céu me regalava e me senti cheio dessa luz. Enriqueci meu coração e
brilhei como as estrelas. Nesse momento me perguntei quantas pessoas no
mundo naquela mesma hora estariam contemplando as estrelas, quantos
narcisos se espelhavam no lago cósmico, esperando a estrela gêmea lhe
devolver o olhar. Creio que a maioria pensa diferente. Cansei de ouvir:
“Oh, é nestas horas, diante desta grandeza, que percebemos o quanto
somos pequenos”. Eu não penso assim. Pelo contrário. De nada vale o
poder das estrelas de lançar sua imagem através do espaço se não há
olhos que as vejam. São meus olhos os donos da força capaz de captar a
luz das estrelas. Então nós nos completamos. Sem meus olhos elas jamais
seriam vistas como eu as vejo. E as vejo com o coração. É minha alma que
as sente e as transforma em maravilhas. As estrelas só cintilam quando
nos estão olhando, e brilhamos quando retribuímos o olhar.
(Kizzy Ysatis, São Paulo, 8 de novembro de 2013)
4 comentários:
Um texto tão significativo quanto belo!
Me trás tanta felicidade...
:D Você me entende beijos!!
Lindo...amado escritor...
Um beijo soprado no sereno...
muito bom seu blog
muito bom seu blog
Postar um comentário