Estou de passagem neste mundo,

Mas deixo aqui o registro de minhas palavras.

Eu sou o peregrino do tempo.


segunda-feira, 18 de dezembro de 2006


O cemitério da consolação

O que há de tão mórbido
Na fria beleza de São Paulo?
O cinza do céu e do concreto
Um futuro incerto

Na Consolação existe um cemitério
Que não consola os anjos que lá choram
Não há nefasto mistério
Os sonhos permanecem, mas alguns se foram.

Imagens vivas em concreto imóvel
Contemplam almas que daqui partiram
Segredos guardam sobre a outra vida
Por entre sombras que nunca se viram

São Paulo traz em si o movimento
De cada ser que possa abrigar
São Paulo tem guardada em cada pedra
Uma ruína sempre a renovar

Beleza opaca tem o cemitério
Vastas fortalezas de silêncio império
Em cada rosto que por lá se esconde
A triste ânsia de buscar o etéreo

Alguns por lá foram esquecidos
Outros constantemente visitados
Noturnos de preto vestidos
Poemas de poetas calados

É lá que todas as diferenças somem
É lá que a vida cumpre o seu destino
É onde muito velho morre homem
Qu’é pr’um dia renascer menino

Simplicidade, luxo, pedra, mármore
Sempre saudade no Consolação
Talvez na morte se conheça a vida
Talvez São Paulo tenha um coração

Que não consola os anjos que lá choram
Mas que nos ensina uma lição
E desejamos aos que já se foram
Que na morte encontrem libertação

O que há de tão mórbido
Na fria beleza de São Paulo?
Gente morta que nunca viveu
Gente viva que já morreu


Kizzy Ysatis & Rafael Alfieri
São Paulo, 1999

3 comentários:

Anônimo disse...

lindo ^^

Anônimo disse...

e aí queridão?! estarei neste feriado de Natal em Extrema...
Beijos dos bagual

Anônimo disse...

magnifico...deslumbrante...grandioso!


Açoite Cortinado^^