
Duas faces da mesma moeda
Uma resposta a quem que quando cobra meus “atrasos” literários, quando cobra minha demora pra terminar um livro, tem por péssima mania querer me ofender dizendo que não sou profissional. Olha, não são atrasos, é artesanato, é o fazer bem, sem pressa, fazer bem feito, leve quanto tempo for preciso para me satisfazer, para dizer, ei-lo "acabado".
Profissional... Ah, quer saber, não sou mesmo, digo-lhe logo de cara, em resposta as chibatas que não ajudam, encolhem meu criar como aqueles que apressam o nascer da borboleta do casulo, acabam por matá-la.
O profissional é profissional porque tem profissão, e profissão é trabalho; e trabalho é chato, oui, mui chato. E eu escrevo por diversão. O divertimento é mais gostoso, se faz por querer e não por dever. E no querer se faz com gosto; e com gosto sai melhor. Oui, bem melhor. Assim a imaginação desabrocha fácil. Fácil como imaginação de criança. Do outro jeito, do modo profissional, do jeitim adulto, só há o blackout. Sai forçado, artificial como adulto brincando amarelinha.
Mudando de assunto.
Já ouvi dizeres (ou li) que minha escrita se esforça pra ser rebuscada, e isso é ledo engano. As palavras me escolhem por musicalidade, chegam despreocupadas se causarão estranhamento ao leitor. Elas nem sabem que os leitores as espionam. Já disse e repito, não é a língua que tem de se curvar à nação ignorante, mas esta é quem deve fazer por merecê-la. Nado contra a vertente. Mas se meu estilo é assim tão difícil como rezam as línguas, como explicar que meus leitores sejam tão jovens, seja de idade ou espírito? Não estaria então, meu estilo, destinado a uma nova fração de leitores cansados de livros fabricados?
Kizzy Ysatis
Santos, 28 de janeiro de 2009