Estou de passagem neste mundo,

Mas deixo aqui o registro de minhas palavras.

Eu sou o peregrino do tempo.


sábado, 2 de outubro de 2010

O Décimo Sexto Comentário

Evan, nós dois estamos no Clube. Você relendo e eu reescrevendo. ;)

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Rose, ^_~

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Noite em Claro

Sou eu que agradeço pela visita.

Sobre sua pergunta: "por que reescrever o Clube?", você meio que respondeu. Tenho minha opinião formada: Escrever é a arte de reescrever (anote no seu caderninho). Enquanto estiver vivo e puder melhorar, repito, melhorar, eu o farei, ou então nem toco no texto. Foram exaustivos 5 anos pra fazer o Clube. Por mais que gostem (e que eu ame aquela história), eu era marinheiro de primeira viagem. Têm passagens ali pedindo por lapidação, limpeza eaté reparos no português e na gramática. Umas passagens, eu deixarei mais enxutas, outras ampliarei. Tudo foi pensado. O começo é gorduroso e o final é frenético, deixarei o texto levemente consoante. Não mudarei nada, as mudanças serão poucas. É como um quadro ou monumento que precisa de manutenção ou restauração. Lygia Fagundes Telles reescreveu Ciranda de Pedras por meio século. Em dez anos Marcelo Rubens Paiva reescreveu todos os seus livros. Acha que versão de Dom Casmurro que está à disposição é a primeira? Não. O pobre negro tartamudo e epilético deve ter tido uma convulsão daquelas quando releu a versão impressa. João Mindlin tinha uma dessas edições rabiscadas por Assis. Murilo Rubião, mestre, é a maior prova de que para ser um Jedi das letras deve-se reescrever buscando o máximo da perfeição no livro presente sem deixar o livro passado pra trás. Imagine: no final (ou auge) de sua carreira se compararem seus livros e falarem que o primeiro não é tão bom quanto o último. Tendo se tornado um autor sazonado (e de cabelos branquinhos), não ia querer que sua obra completa estivesse de igual valor? Pense nessas coisas. A obra rápida, cujo autor nega cuidados, é rapidamente esquecida. Aquela que leva tempo e cuidadosamente toma talho refinado e preciso, será imortal.

Você observou bem a diferença entre as três passagens, outros não vão percebê-las (o que é natural), (postagem sobre Luar, 14-09, sobre Fernando e esta última). O prólogo está no passado, portanto pensei num ritmo mais lento e clássico, embora tenha deixado o mais enxuto possível. Pretendo tornar as partes que se passarem no passado, com um tom mais clássico e poético. A parte contemporânea de Claudio e marta, quero deixar mais ágil e aumentar os diálogos, isso dá ritmo, ainda que não as deixe menos intimista. Lembre-se: os pensamentos e sentimentos secretos dos personagens estão lá, expostos. Claudio temeu ao reconhecer que agora a amiga passou para o time dos sobre-humanos. Marta, por sua vez, resigna-se melancolicamente, embora tenha mantido o bom humor, atenção aos amigos e a fragilidade e delicadeza de sempre. Todas as sibilas ligadas ao Luar sofreram nos ritos de passagem, mudaram e entristeceram muito. Embora esteja mais velha e também tenha sofrido pela perda de Luciano e outros amigos, ela tentará manter o otimismo, até o fim. Marta é a sibila do novo milênio, terá um ar mais despojado, vide a diferença pelo corte radical do cabelo. As partes de Fernando deverão ser um misto entre as partes do passado e as atuais, pois contém um personagem das duas eras: Fausto. Essa é uma das novidades da estrutura narrativa que pensei para este novo romance. Espero que se divirtam muito.

Suas perguntas, tão bem cabidas, sempre merecem um post a parte, de tão longas que tornei as respostas, rs.

Obrigado.

2 comentários:

Gui disse...

Kizzy.

Gosto dessa ideia do dinâmico, do nunca satisfeito, da possibilidade de sempre se melhorar: como um ser humano, talvez, o livro tende a se reestruturar na alma de seu autor com o passar do tempo.
No chat de dois dias atrás, referi-me à dinâmica da passagem de Claudio e Marta como algo direto, sem intensidade de lirismo romântico, mas pungente, sim, e bastante intimista, escancaradas que estavam as janelas das almas das personagens à lembrança do queridíssimo Luciano.
Gosto de suas referências bibliográficas, de como se calca na excelência de Lygia, Machado, Marcelo, Murilo.
Como aspirante a escritor publicado, ler sobre o exercício da escrita, ainda mais proveniente de você, autor contemporâneo dos que mais admiro, é aula que se recebe. (Já leu On Writing, de Stephen King?)
Passo sempre por aqui, embora não comente com a mesma frequência.
Bem, comento agora!

Um grande abraço.

Até terça.

Kizzy Ysatis disse...

Salve Gui

Temos de mudar, só não se muda o que está morto. Fico feliz com seus comentários aqui. Quando o leitor não fala no blog, ele passa invisível e essa interação tão possível e bacana que há aqui não ocorre. Portanto venha sempre e comente com mais frequência.

Obrigado.
Abraços