pássaro negro no sereno

art by octavio cariello

o jornalismo de mãos dadas com a literatura

ignácio de loyola brandão? não. nem euclides da cunha, estou falando de outro jornalista-escritor, estou falando de um menino, um menino de olhos azuis, que alça voo no campo da literatura e abre, com pompa e glória, nosso livro com o conto anjo da guarda. ele é o jornalista e escritor camilo vannuchi, que, ao aceitar meu convite, disse que ia fazer diferente e ia pintar seu vampiro no sertão, eu lhe disse: “pois faça, é exatamente o que quero, quero o novo”.

autor convidado: camilo vannuchi

conto: anjo da guarda

camilo optou por levar seus vampiros ao semi-árido nordestino e narrar a batalha pela ótica de uma mulher, viúva, carente de perspectivas, que gasta suas noites ao balcão de uma birosca encravada na única rua que corta o vilarejo.

regionalismo, romantismo e sutileza. com ele, os vampiros relembram os tempos de diadorim.

leia um trecho do conto:

Fazia duas semanas que ele havia surgido por essas bandas. E, desde então, voltava toda noite. Na primeira vez que o vi, levei um susto dos grandes. Eu me preparava para fechar o bar quando o enxerguei na última mesa. Bar pequeno o meu, não é fácil atravessá-lo sem ser notado. E, no entanto, aquele homem passou por mim como fantasma: gato que se embrenha em pés de pano. Usava uma capa preta, retinta. Minha primeira reação foi sussurrar uma prece.

vannuchi usa um regionalismo (e na norma culta) à la guimarães rosa, ao menos foi essa a impressão que passou a outro escritor que leu o conto, “voltamos aos tempos de diadorim” (grandes sertões: veredas).

camilo vannuchi tem 29 anos, é jornalista, formado pela escola de comunicações e artes da usp e entusiasta do jornalismo literário. repórter, já escreveu para as revistas istoé, brasileiros, entre outras, e integra desde janeiro de 2008 a equipe fundadora de época são paulo (globo). paulistano, apreciador de jazz e viola caipira, viciado em pizza e café, publicou no ano passado o livro é câncer! (oirã). tem saudade do bento carneiro, o “vampiro brasileiro”, e uma quedinha reprimida pela vampirella. mas não dispensa uma boa couve mineira puxada no alho.

o dia v se aproxima!